Olá, me chamo Millôr, não sempre, mas hoje sim; Gosto de me disfarçar às vezes, mostrar-me como realmente sou sob uma outra casca enigmática.
Passeando pelas ruas sem ser percebido, sem que apontem meus olhos, sem que reconheçam a velha pessoa que me acostumei a ser; acostumei a sentir.
Busco nas palavras; quiçá um consolo, um carinho, uma atenção dos olhos curiosos, mas não com aquela que habitualmente detenho, é uma admiração por simplesmente não conhecer; ler e sentir, sentir e acreditar, acreditar e voar.
Como de praxe, sigo até minha varanda carregando em mãos, bobas escritas de desilusão.Em duas metades, em dois balões eu solto-as. Deixo que o vento as leve, orando para que se depare com teu sorriso em súbito bafo do teu perfume.
Agora sou Charles, aquele que te ligou noite passada; de repente sou Rogers, o qual lhe fez amar. E num susto sou Maurício, tal qual lhe fez odiar. Lês então e sai a correr, teu álibi meramente te faz correr sem saber onde vai, onde fica;
Sintas o aroma, meu amor; Por onde veio e apenas digas que não me esqueceu.